Round table 2 - " Language is memory " : transmission of indigenous knowledge

Abstract

Relations between indigenous peoples and European colonizers have been imbued with a multi-faceted violence that has developed over the centuries through the imposition of a single worldview, a single language and a single notion of territory. This history has resulted in a concept of nation based on the exclusion of the different, who must be integrated into the dominant society. The reduction of Amerindian peoples in the course of conquest and evangelization led to a reduction in linguistic diversity and a relative standardization of languages. Even today, indigenous languages are in danger of disappearing under the combined pressures of the domination of the national language, socio-economic and political control, and lack of respect for human rights and fundamental freedoms. Education, which could be a vehicle for stimulating language learning in indigenous languages, does not always achieve its objectives. What does transmission and learning mean for Amerindian peoples ? The object of linguistic and cultural transmission needs to be redefined by indigenous peoples. Can alphabetic, audiovisual or artistic writing help transmit knowledge ? How does it relate to orality and the various forms of cultural expression ? The specific features of indigenous languages need to be preserved as resources for learning about relationships with the living and the land.

"Língua é memória": transmissão de saberes originários

As relações entre os povos indígenas e os colonizadores europeus foram permeadas por uma dinâmica violenta que se desenvolveu durante séculos pela imposição de uma única visão mundo, de uma única língua e de uma única noção de território. Essa história evidencia um conceito de nação fundado na exclusão do diferente - aquele que deve ser integrado à sociedade dominante. A redução dos povos indígenas no decurso da conquista e da evangelização conduziu a uma redução da diversidade linguística e a uma relativa uniformização das línguas. Ainda hoje, as línguas indígenas correm o risco de desaparecer sob a pressão combinada da dominação pela língua nacional, do domínio socioeconómico e político e do desrespeito aos direitos humanos e às liberdades fundamentais. A educação, que poderia ser um veículo para estimular a aprendizagem das línguas indígenas, nem sempre atinge os seus objetivos. O que significa transmissão e aprendizagem para os povos indígenas? O objeto da transmissão linguística e cultural deve ser redefinido por eles mesmos. A escrita alfabética, audiovisual ou artística pode contribuir para a transmissão de conhecimentos? Como ela se relaciona com a oralidade e as diversas formas de expressão cultural? As especificidades das diversas linguagens indígenas devem ser preservadas como elementos centrais para a aprendizagem de um modo peculiar de se relacionar com os existentes e o território.

Altaci Rubim Corrêa Kokama

Born Tataiya Kokama, she is the first indigenous professor at the University of Brasilia (UnB). An activist for the preservation of indigenous languages, she represents the indigenous communities of Latin America and the Caribbean on UNESCO's global working group for the Decade of Indigenous Languages (2022-2032). She holds a master's degree in Amazonian society and culture from the Federal University of Amazonas (UFAM) and a doctorate in linguistics from UnB. She is currently general coordinator for the articulation of indigenous educational policies within the Department of Indigenous Languages and Memories of the Ministry of Indigenous Peoples (MPI).

Nascida Tataiya Kokama, é a primeira professora indígena da Universidade de Brasília (UnB). Ativista pela preservação das línguas indígenas, é representante dos povos indígenas da América Latina e do Caribe no Grupo de Trabalho Mundial da Década das Línguas Indígenas da UNESCO (2022-2032). É mestra em Sociedade e Cultura na Amazônia na Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e doutora em linguística na UnB. Atualmente, é coordenadora-geral de Articulação de Políticas Educacionais Indígenas no Departamento de Línguas e Memórias Indígenas do Ministério dos Povos Indígenas.

Cédric Yvinec

Cédric Yvinec is a CNRS research fellow and member of the Mondes Américains - CRBClaboratoryat EHESS/Campus Condorcet, associated with the linguistic anthropology team of the Laboratoire d'anthropologie sociale (LAS). During his thesis, he studied the ritual songs and narratives of the Surui people of Rondônia, Brazil. His research interests include : linguistic anthropology ; ritual discourses and practices ; regimes of temporality and historicity ; indigenous Amazonia. He has published Les ferments de la mémoire. Guerre, fête et histoire chez les Surui du Rondônia (Société d'ethnologie, Nanterre, 2021) and is interested in the processes of patrimonialization of indigenous knowledge.

É pesquisador do CNRS e membro do laboratório Mondes Américains - CRBC, na École des hautes études en sciences sociales (EHESS/Campus Condorcet), e faz parte do Laboratório de Antropologia Social (LAS). Em sua tese, ele estudou os cantos rituais e histórias do povo Suruí de Rondônia, Brasil. Interessa-se pelos temas: antropologia linguística; discursos e práticas rituais; regimes de temporalidade e historicidade; Amazônia indígena. Publicou Les ferments de la mémoire. Guerre, fête et histoire chez les Surui du Rondônia (Société d'ethnologie, Nanterre, 2021) e se interessa pelos processos de patrimonialização dos saberes indígenas.

Luciana Storto

Luciana Storto holds a BA in History from the State University of Campinas (1988), an MA in Linguistics from Pennsylvania State University (1994) and a PhD in Linguistics from the Massachusetts Institute of Technology (1999). She is currently a professor at the University of São Paulo (USP). She coordinates USP's Indigenous Language Studies Group (GELI). Her areas of interest are : description and analysis of indigenous languages ; formal syntax ; experimental phonology ; historical linguistics ; languages in contact.

Possui graduação em História pela Universidade Estadual de Campinas (1988), mestrado em Linguística - Pennsylvania State University (1994) e doutorado em Linguística - Massachusetts Institute of Technology (1999). Atualmente é professora doutora MS-5 (Livre Docente) em regime de tempo integral da Universidade de São Paulo (USP). Ela coordena o Grupo de Estudos em Línguas Indígenas (GELI) da USP. Ela atua principalmente nos seguintes temas: descrição e análise de línguas indígenas; sintaxe formal; fonologia experimental; linguística histórica; línguas em contato.

Emmanuel de Vienne

He has been a lecturer at the Université Paris Ouest Nanterre-La Défense since 2012, where his lectures include " nature and culture ", " anthropologie linguistique " and " anthropologie cognitive ". He was head of the anthropology department at the University of Paris Nanterre. His research focuses on the Trumai group, one of the groups that make up the multi-ethnic, multilingual society of Upper Xingu, in the Brazilian state of Mato Grosso. His thesis, defended in 2011, analyzes Trumai conceptions of illness and healing, as well as the local dynamics that have led to the Trumai's marginal position. He has continued his research on shamanism with a study of contemporary prophetism (in collaboration with Carlos Fausto). He is currently interested in the role of new media (paintings, videos, internet) in the contemporary process of cultural heritage in the Upper Xingu, particularly around the return of the Javari ritual.

É mestre de conferências na Universidade de Paris Ouest Nanterre La Défense desde 2012, onde leciona cursos que incluem "natureza e cultura", "antropologia linguística" e antropologia cognitiva. Desde junho de 2020, é chefe do departamento de antropologia da universidade de Paris Nanterre. Suas pesquisas se concentram no povo Trumai, um dos povos que compõem a sociedade multiétnica e multilinguística do Alto Xingu, no estado brasileiro de Mato Grosso. Sua tese, defendida em 2011, é uma análise das concepções Trumai de doença e cura, bem como da dinâmica local que levou à posição marginal dos Trumai. Ele continuou sua pesquisa sobre xamanismo com um estudo do profetismo contemporâneo (em colaboração com Carlos Fausto). Atualmente, ele está interessado no papel das novas mídias (pinturas, vídeos, internet) no processo contemporâneo de herança cultural no Alto Xingu, especialmente em torno do retorno do ritual do Javari.